terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Filmes e pirocas

Filmes e pirocas
O que assistir nas férias

Quem está curtindo as férias durante janeiro e fevereiro está com bastante tempo para assistir um filme em casa ou nos inferninhos da cidade, sozinho, com um ou mais amigos ou com a primeira mão amiga que aparecer no escuro. Filmes pornôs são aqueles que se podem assistir no intervalo entre as práticas ou enquanto se pratica. Apesar da crise econômica, ou talvez por causa dela, a safra de filmes parece inalterada, situação que permite que este seja um verão para descansar com filmes e pirocas. Entre aqueles que recentemente foram vistos por Boris Transar tem alguns que os pornófilos mais atentos devem assistir.

2008, o ano das olimpíadas de Pequim, apareceram vários filmes com temática pornô desportista. Nos noticiários, espiar homens de sunga foi o melhor espetáculo das piscinas do tal Cubo d´Água. Bareback Swim Team (2008, Eurocreme - Bareback Britain) foi um filme cujo enredo explorou essa fantasia borbulhante. Dirigido por Adam Bailey, tem no elenco meia dúzia de lolitos da corte da Rainha Elizabeth Segundona afogando o ganso numa piscina de treino. Os pubescentes nadam muito mal mas não decepcionam quando o assunto é furança, atividade sabidamente complementar aos exercícios físicos. Chupar pau aumenta a capacidade respiratória, exercita a musculatura da face e do pescoço. Dar a bunda renova a mucosa, estimula o peristaltismo e o tônus de fibras musculares profundas da anatomia. Gozar relaxa todo o corpo e produz sensação de saciedade prolongada. Surubas evocam uma sociabilidade da qual o mundo anda precisando. Bareback Swim Team é um filme que cultiva essa sociabilidade em duas sequências memoráveis. Ele inicia com um tricotê na beira da água que rola durante uma rápida ausência do técnico e dos outros rapazes da equipe. Shaun Deacon, uma das revelações do pornô gay inglês de 2008, Damian Duke, o de cabelo longo, e Paul Shayne, o de corrente no pescoço, também treinador da equipe, fazem um trenzinho vertical com fartas gozadas no final. Timmy Slater e C. J. Jacks fazem a segunda sequência, com Jacks tomando no cu comodamente apoiado na escada da piscina como um ginasta. Paul Shayne e Will Forbes, o técnico da equipe, fazem a terceira sequência no chuveiro, com Forbes tomando a vara do inclemente Shayne por todos os orifícios. A quarta sequência é no jacuzzi, com Shaun Deacon e Timmy Slater transando com a peraltice da idade, Deacon dando como um veterano. A quinta sequência é entre Scott Davies e Paul Shayne, com este mostrando um frenesi pelo corpo que se propaga em ondas até se dissipar pela cabeça do pau na rodela do felizardo Davies. A sexta, e última sequência, é onde o técnico Will Forbes faz um treino coletivo. Shaun, Damian e C.J. Jacks são convocados e fazem sexo como uma equipe de nado sincronizado, executando um número dificílimo de um trenzinho de quatro engatados e, logo após Shaun Deacon leva duas picas no rabo. Os filmes pornôs gays ingleses foram pouco comentados neste blog, recomendar Bareback Swim Team é uma forma de remediar essa falta. Quem estiver afim de se aprofundar na produção britânica contemporânea deve procurar assistir também a série de filmes do selo RudeBoiz / Eurocreme ou os da Triga Films.

Michel Paris dirigiu e produziu Load My Ass (Eboys Studio, 2008) outro filme para quem aprecia os lolitos arrombados e sedentos da República Tcheca. Sem o espírito de equipe que encontramos em Bareback Swim Team mas com uma sociabilidade folgazã e muita lambuza, é um filme do gênero bareback degustativo com muito molho branco. Sem nada daquilo que alguns fãs do pornô chamam de “enrolação”, ou seja, direção de arte, diálogos e roteiro, embora ainda tenha algumas carícias preliminares e pós-coito, o filme se atém a mostrar sexo sem delongas, entre seis casais de dois e um casal de três unidos pela luxúria juvenil, sem cenas externas, inteiramente entre quatro paredes de algum hotel que poderia estar em qualquer parte do mundo. Esta produtora online norte-americana está ocupando o vazio estético que outrora foi do Cobra Video, estúdio inoperante desde o assassinato de seu fundador, Brian Kocis, assunto fartamente comentado neste blog. Diferente do Cobra Vídeo, talvez por razões de segurança pessoal, nas suas produções Paris usa elenco do leste europeu em vez de norte-americano. Os fotógrafos Saint Cyre e Miki Sem conseguem super close-ups em ângulos difíceis com o esmero de dois fotógrafos que buscam um furo com afinco. Alguns garotos do elenco estão no começo de carreira, como Rick Odry (capa) e Brandon Junior, que faz a primeira sequencia e a suruba final. São promissores. Outros como Lucky Taylor, Tommy Sem, já são bastante populares e calejados. Load My Ass é um filme que mostra com riqueza de detalhes o que alguns jovens de hoje gostam de comer, e por onde.

No Ano da França no Brasil, é bom que se diga, a produção de filmes pornôs binacionais é relevante há muito tempo. Para a ocasião o blog recomenda todos os clássicos do falecido Jean-Daniel Cadinot (1944-2008). Os filmes deste diretor foram assunto tratado numa extensa matéria, em sua memória, publicada no mês de julho/2008. A produção contemporânea, como aqueles dirigidos por Stéphane Moussu e estrelados pelo ator Laurent, também tratados aqui no mês de maio/2008, como Puta e La Puta do Brazil (Clair Production), são altamente recomendados. Mesmo não sendo tão bom como os anteriores, vale a pena ver La Cité Des Queues, feito nos moldes que a consagraram: bareback, com locações no Brasil, elenco de brasileiros, com exceção de Laurent. Os diálogos são binários, os roteiros cabem num guardanapo e praticamente não se alteram em todos os filmes da produtora, por isso o molejo de cada ator torna-se fundamental para manter o interesse do espectador. Neste filme muitos aspectos pitorescos da vida carioca foram eliminados. Onde estão as mazelas e a luz radiosa do Rio de Janeiro imortalizadas desde o tempo da Missão Francesa? O diretor só não descuidou de mostrar a lascívia dos homens de uma cidade que manteve a fama de ser maravilhosa para fazer sexo. Os “encantos mil” dos versos da canção é puro eufemismo. La Cité Des Queues apresenta grandes revelações, como Alexsander e Kron ao lado de veteranos como Jefferson (Júnior Ronaldo na AMG Brasil) e o próprio Laurent. Kron é um negro com uma expressão implacável e uma pica considerável, ele come Laurent logo na primeira sequência dando muita peia no bumbum e suco no canudo. Tem mais chupação na segunda sequência, com Laurent abocanhando Eduardo e Paulo, depois dando para Eduardo na cadeira proctológica. A terceira sequência envolve Jefferson e o novato Alexsander, um magrelo que pousou recentemente levantando uma cadeira com a força da pica e um olhar de desafio para o fotógrafo. Eles fazem um belo par, genuinamente suburbano até nos gemidos. A gozada na boca de Jefferson merece ser reconhecida e imitada no Brasil, na França e alhures. Francisco e Laurent fazem a quarta sequência na candura de um quarto com paredes azul-bebê e sexo papai-e-papai. Na quinta e última sequência Laurent, outra vez na cadeira proctológica, mostra o quanto ele dilata para receber dildos, mão e antebraço de Davidson. Neste filme Laurent repete a performance dos anteriores, não desperdiça nenhuma gozada, o estouro da mamada tem de ser na boca, caso contrário ele considera o trabalho arruinado e refaz tudo.

A MachoFucker continuou no ano passado a mesma linha de sucesso de filmes curtos, online, inter-raciais, bareback. Essa produtora lançou mais episódios com vários brasileiros no seu cast. Compareceram tantos candidatos à seleção de elenco no Rio e em São Paulo que alguns rapazes foram dispensados, foram contratados apenas os mais aptos e afoitos. A produção foi numerosa e talvez por isso mesmo irregular, com filmes dispensáveis, como Sauna Fun I e Sauna Fun II. A MachoFucker está fazendo filmes em várias partes do mundo e para isso parece empregar vários diretores, o que também contribui para tal irregularidade. Seu sucesso reside na estética pobre e brutal, na exploração da crueza de relacionamentos em que só uma das partes goza, a outra se lanha. Contudo em 2008 a produtora abriu exceções para mostrar cenas de gozo de um passivo, em Sexy MG, e punheta de dois latinos ativos em, Colombian Bad Boys. A seleção de ativos leva em conta o tamanho do pau, independente do resto, de modo que alguns deles são feios além da conta. As exceções foram Kid Chocolate e Troy, dois negros, saradões e de pau médio com alto desempenho. Peto Coast é um holandês branco, sacana, gatinho, pau grande e suculento. Vale ver e rever Machos da Favela I e a continuação Machos da Favela II, com Pablo um negro ativo, vigoroso, que habita os sonhos das bundas brancas da Casa Grande. Mais brasileiros estão em Brazilian Bang, Ruff Rider, Ass-Slut e Take it Cayo, com Zulu e Ruff Rider se revezando na bunda do próprio, um cafuçu passivo e destemido. Outros filmes com trios são Salope II, Fuck Feast, com uma educativa DP, Bang the Skinhead, no qual o passivo chega a reagir com zanga sincera diante de alguns abusos. Mas a sensação ficou mesmo com Rio Cum-Slut onde dois veteranos, Zulu e Adriano, se encontram para uma trepada irreparável que finaliza com gozada interna e golfada perfeitas. Cenas parecidas, mas menos intensas, podem ser vistas em Spermhole e em Shoot In. Os filmes da MachoFucker alertam a platéia o quanto é difícil haver igualdade na intimidade, mesmo entre os pares, se não há na sociedade.

Os desenhos animados são uma lúdica expressão de pornografia lamentavelmente com poucos títulos disponíveis. The House of Morecock (Greenwood / Cooper Homevideo, 2001) é uma série de filmes curtos de animação para adultos de todas as idades. O personagem principal se chama Jonas Morecock, um galeguinho disposto, de olho azul, que vive numa casa “suspeita” de onde narra aventuras de terror, mistério, ficção científica, comédia, sexo e etc. Criado, escrito e dirigido pelo norte-americano Joe Philips, um ilustrador com inúmeros trabalhos publicados, entre eles o calendário 2009 Boys Will Be Boys e o livro homônimo (Bruno Gmünder Publishing, 2003). A primeira reunião dos episódios Morecock ocorreu em 2001, com uma edição especial em DVD com dez episódios: Introducing Our Host Jonas Morecock / Jonas' New Computer, Jonas Morecock Meets The Loch Ness Monster, Jonas Morecock Meets The Ghostly Miner, Jonas Morecock Meets The Chupacabra, Jonas Morecock Meets The Big Foot, Jonas Morecock Gets Abducted, Jonas Morecock Meets Gogeerah, Jonas Morecock Meets Moby Dick, este episódio certamente é o melhor da série, tem um incrível número musical submarino com uma drag-peixe chamada Flotilla. O último episódio se chama Jonas Morecock In The Afterlife, no qual ele é morto no chuveiro, como Marion (Janet Leigh), em Psicose (Psycho, 1960), e vai para o outro mundo, como Justine Jones (Georgina Spelvin), em O Diabo na Carne de Miss Jones (The Devil in Miss Jones, 1973). The House of Morecock foi um grande sucesso, tendo recebido o prêmio de “Best Alternative Release" do GayVN em 2002. Nesta edição em DVD há vários níveis de narrativos: Os episódios são amarrados por dois atores que fazem o papel de um casal que assiste as aventuras de Jonas pela TV num sábado de manhã. Cada episódio começa com narração em off, depois entra o próprio personagem Jonas contando uma história que ele protagoniza. Quando a excitação atinge o clímax os personagens ingressam num outro plano narrativo, numa euforia que lembram Pokemon. A animação feita em Macromedia Flash (Adobe Flash) tem traços pesados, a sequenciação é repetitiva e o ambiente sem profundidade. Como foram produzidos para internet, uma mídia e um software que no final dos anos 90 tinham bem menos recursos que hoje, não se pode comparar, como alguns fizeram, The House of Morecock com animações feitas para o cinema por grandes estúdios. Este tipo de trabalho tem mais identidade com os animes japoneses e com os desenhos americanos feitos para a TV. Os diálogos são hilários, com palavras e situações que satirizam os filmes pornôs, os eróticos e os convencionais. Dublagem, trilha sonora, canções e edição de som compensam e Joe Philips foi autocrítico a ponto de avisar que na próxima vez faria “um filme melhor”.

E fez: Stonewall and Riot - The Ultimate Orgasm (Adult Visual Animation, 2006). Poucos anos depois de The House of Morecock a técnica de animação deste filme já é muito superior, o projeto foi bem mais ambicioso em todos os aspectos da produção. Foi mantido o humor cáustico, mas este não é uma edição que amarra uma série de episódios, é um filme com uma hora de duração e uma estrutura clássica. O traço é muito diferente do primeiro, aqui a renderização 3D produz sombras, volumes, nuances, texturas e profundidade de campo com detalhe e nitidez, e a sequenciação é menos repetitiva porque o programa interpola mais quadros, deixando o movimento mais “suave”. Todo em 3D, foi inserido um pequeno trecho em 2D em que Stonewall relembra uma cena trágica, com uma estética retrô, preto e branco. A ação acontece em Eros City, uma cidade ao mesmo tempo neogotica, pré-futurista e pós-tudo, aquilo que Gotham City gostaria de ser. Stonewall e Riot também são aquilo que Batman e Robin gostariam de ser: gays assumidos. Dr. Von Fuckingcock é um maluco que criou em seu laboratório o orgazmorator, uma metralhadora fálica que emite um raio laser com poder de coquetel de viagra, êxtase e soda que ao atingir um corpo de prova produz ejaculações pirotécnicas. Mas o orgazmorator é roubado e Stonewall e Riot são mobilizados para encontrá-lo. Nessa missão deparam-se com alguns personagens bizarros que habitam Eros City: Polecat, uma espécie de Mulher-Gato de pole de boate, Snake Johnson, Doctor Probe, Bondage Fairy, The Flame, Professor Prophylactic, Analconda e Str8 Boy, um super-herói hétero com uma mania bem típica, quando bebe vira gay. Webmaster, Chicken Hawk, Polar Bear, Size Queen, Vulva são outras figuras que eles encontram na super-heroíca -erótica missão de encontrar o tal ladrão. O mistério chega ao fim num cabaré francês do tipo Moulin Rouge onde se esconde um sujeito cheio das boas intenções chamado French Tickler, o mesmo nome que se dá a um tipo de capote anglaise que possui na superfície de látex protuberâncias que, acredita-se, proporcionam mais prazer ao usuário. Numa cidade onde os conflitos entre o bem e o mal são resolvidos com uma boa trepada, o orgazmorator não poderia causar conflito.

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