Já que esse blog se ocupa tanto do cu alheio, nada mais justo que dedique uma matéria exclusiva para um dos maiores passivos que as câmeras já captaram. Considerado por críticos e platéias um intérprete marcante do pornô gay,
Kevin Williams (1965) fez da tela picadeiro como a quintessência do loiro passivo. Rapazola de olhos azuis, carinha de bebê, sorriso maroto, atlético sem ser bombado, bundinha branca, redonda, gulosa, talvez tão bonita quanto o rosto, um cuzinho que faz beiço, incrivelmente elástico, escanhoado e às vezes
au naturel, margeado por duas polpinhas rosadas feito bochechas de querubim de talha barroca, Kevin não tinha apenas a aparência extremamente sexy, ele fez o que nem sempre é necessário no gênero pornô: interpretar com profundidade acima da média. Quando o papel exigia ele fazia o meigo flamejante; quando o papel pedia que fosse a Messalina ele exibia o talento de um egresso do
The Actors Studio de Nova York, local onde nunca pôs os pés.
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Kevin surgiu numa época em que loiras feito Lady Diana e Madonna dominavam grande parte do imaginário erótico do mundo civilizado, para o qual é muito menos aceitável colocar a perversão e a concupiscência embaixo da pele branca do que em outras peles. Michael Jackson foi uma tentativa infeliz de branqueamento para ingressar nesse imaginário erótico. Se a loira virou clichê, o loiro também virou porque não enterraram a crença de que os homens preferem essa cor e por trás a diferença é pouca. A onda loira acabou assim: Lady Diana morreu, Madonna foi domesticada, Michael Jackson desbotou e Kevin parou de filmar aos 34 anos de idade. Em seus altos e baixos nenhum deixou de ser uma estrela à sua maneira.
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Passivo incansável, Kevin encenava não apenas com uma, mas com uma quantidade variável de picas e suas performances incluíam aparelhos penetrantes de calibre impróprio para neófitos. Ele encenava um quadro em frente às câmeras que consistia numa maria vai com as outras, suspenso e lançado em cima de uma pica, entregue à vontade dos outros, mais passivo impossível. São cenas que reforçam e superam a linhagem iniciada por Casey Donovan (1943-1987) em Boys in the Sand (Wakefield Poole, 1971). Kevin foi sobretudo um ator cuja obra resulta de um talento nato e uma larga experiência dentro da equipe de criação e produção do filme, além da vivência que permite tomar conhecimento de cultura pornô pop. Acompanhar sua carreira é passear pelas produções de duas décadas e certificar-se do quanto a consistência de seu trabalho influenciou as produções recentes dando-lhes rumos inesperados nas quais o prazer e o sentido da aparência do loiro foi superado na dinâmica dessa punhetação estética por passivos de todas as cores. Hoje há atores por aí virando pelo avesso mas Kevin, no seu decoro, nunca mostrou o intestino grosso.
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Além da cultura pornô pop, a atuação de Kevin lança luzes sobre outras áreas do conhecimento e seria cavalar citá-las todas. Em astrofísica o cu de Kevin poderia ser um parodoxo de inversão, um buraco branco (região no espaço em que nada pode cair) que funciona como um buraco negro (região no espaço do que nada pode escapar). Em biofísica ele é um fenômeno de hipertonia do esfincter anal. Nas ciências sociais daria motivos de sobra pra Francis Fukuyama pensar que a história em vez de ter terminado passou a andar para trás. As analogias são necessárias tanto em pornologia comparada quanto em verborréia pornopolitica aplicada, como aquelas que abundam nos discursos do presidente Luiz Inácio “Eu Não Sabia” da Silva. Consideradas as diferenças abissais, em pornologia e em pornopolitica as analogias e metáforas têm o mesmo objetivo: formar platéia. O pornô, como as competições esportivas na TV, pode parecer entediante algumas vezes, mas por outro lado é responsável por imagens de alto impacto que os diretores de filmes convencionais só conseguem a muito custo. O sexo e o filme de sexo, semelhante ao esporte e os programas esportivos, rejeitam o cérebro naquilo que ele tem de imprevisível e ao mesmo tempo privilegiam o corpo pelo que ele tem de previsível, para o qual foi treinado. Nesse gênero e no esporte ganha a medalha de ouro quem tem mais capacidade física, o imprevisível é zebra. No pódio da fama do pornô gay há uma multidão de corpos medianamente capazes, é no píncaro que Kevin assenta com um cu olímpico, apolíneo, moldado pelo amor pós-grego.
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Kevin fez sua aparição em dois períodos: 1986-1988 e 1998-1999. Nunca contracenou com um negro avantajado, lamentavelmente essa fantasia está ausente do seu portfólio. Quem ainda não conhece o trabalho do rapaz e estiver interessado em ilustrar essa matéria com a mais autêntica arte seqüenciada de dar a bunda deve procurar ver seus doze filmes ou, no mínimo, três coletâneas: O estúdio Catalina organizou
Catalina Blonds e o estúdio Falcon
The Best of Kevin Williams.
Kevin Williams Collection reúne todos os quatro filmes do Catalina –
Bad Boy's Club (Cameron Leight, 1987),
The Switch Is On (John Travis, 1987),
Hot Rods: The Young & The Hung 2 (William Higgins, 1987),
The Look (William Higgins, 1988); um filme do estúdio Huge –
Stryker Force (Matt Sterling, 1986); um do estúdio Laguna Pacific –
Big Guns (William Higgins, 1987); um do Tyger Films –
Bare Tales (Ronnie Shark, 1987); os cinco filmes que ele fez no estúdio Falcon –
Out of Bounds (Bill Clayton, 1988),
In Your Wildest Dreams (Bill Clayton, 1988),
Betrayed (John Rutherford, 1998),
Hot Wired (John Rutherford, 1998) e
Fullfilled (John Rutherford, 1999).
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Hot Rods: The Young & The Hung 2, foi um um começo fuderoso no qual Kevin faz uma cena de inclusão obrigatória em todos os anais. Sonha que é seviciado numa oficina de automóveis cheia de mecânicos prestativos, um dos quais exibe uma pica semelhante à espada de laser de Jedi em Star Wars (George Lukas, 1980). Kevin é comido em cima de uma mesa com uma bandeja giratória em forma de cruz chamada de Lazy Susan que torna tudo prático pra quem é preguiçoso, seu unico trabalho foi se posicionar todo arreganhado para a ação. Não pode ser fácil, dá pra imaginar o quanto ensaiaram e repetiram as tomadas, mas ele contracena com atores top que executam em seguida uma manobra de alta complexidade: suspendem Kevin pelos braços e pernas e fazem ele pousar na ponta de um dildo super G. Essa cena é editada como uma sinfonia, após um ápice o tema retorna para a linha melódica do inicio e Kevin volta a ser penetrado de maneira tradicional e em dupla penetração como o último acorde dobrado. Mas toda a ação foi apenas um sonho de onde retorna mais virgem do que antes. Essa atuação ele vai repetir de forma quase idêntica, anos depois, no romântico Betrayed.
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Em Stryker Force Kevin faz uma cena com o loiro bombado a la Dolph Lundgren chamado Steve Hammond. Vestidos como marines eles disputam um tesouro escondido na selva, mas no meio da jornada penosa arranjam gás pra dar uma trepadinha boba, demonstrando como a missão é dura e que companheirismo soldadesco é o melhor meio de atingir os objetivos bélicos. Na posição que o Brasil perdeu a guerra, como diz o vulgo, Kevin leva uma estocada às vistas de um espia selvagem, penteado e maquiado por camareiras da hoste fez os índios de Humberto Mauro em Descobrimento do Brasil (1937). Filme produzido para consagrar Jeff Striker, Kevin e Steve fazem um papel secundário, abaixo da capacidade de cada um, embassados para não ofuscar a estrela principal, Jeff, que vence a disputa pelo tesouro e come Steve no final.
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Big Guns também traz o clima aquartelado que atiça a fantasia de nove entre dez homosexuais. Kevin faz uma cena com Mike Henson (piloto da marinha) em um hotel quarto de hotel. No outro quarto John Davenport (instrutor de tiro) observa tudo por uma câmera escondida e se masturba. Filme dirigido por William Higgins, reúne um grande elenco e um diretor que realizou bons filmes. Kevin faz o papel de um garoto que foi deixado sozinho quando os pais saíram, tornando-se vítima indefesa de dois marmanjos sedutores. Henson come e Davenport olha. Lindo e com uma pica que é uma arma letal, não há notícia de Davenport fazendo papel de passivo. Henson é um ator versátil, cabelos escuros e num estilo demodée já naquela época, sua penetração no cu de Kevin faz lembrar como os saltadores de La Quebrada, em Acapulco, penetram o Pacífico. Kevin interpreta o donzelo mais apalermado da paróquia, mas não é inverosímil. Em Kevin Williams Collection há um enxerto de 26 minutos que mostra o teste feito para seleção de elenco de Big Guns com o diretor William Higgins. Kevin é colocado em todas as posições imagináveis e um foco no cu revela a necessidade de uma depilação, o que é feito na hora, imperdível! O teste finaliza com a participação voluntária de Mike Henson esquentando o couro.
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Em
Bare Tales Kevin contracena com Jim Pulver, boca pequena e lábios finos, um papudinho que outrora fez inexplicável sucesso porque a sensualidade nele é matéria escassa; dono de uma pica média, faz um 69 com Kevin e depois um ativo enfastiado. A despeito do título, convém lembrar que o ano de produção é 1987, já é o período dos filmes com camisinha, não confundir com o gênero
barebacking, uma transgressão ao sexo seguro que surgiu como gênero pornô no fim dos anos de 1990. Talvez por descuido do continuísta e do editor, no correr da ação a camisinha que Pulver coloca no início desaparece no intercurso.
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Em Bad Boys Club Kevin Williams faz duas seqüências, a primeira é um solilóquio em que se masturba junto de uma cachoeira, água e gozo no meio da mata. Tecnicamente o filme corresponde à época em que foi feito, a imagem tem pouca definição e perdeu as cores, mas ainda dá pra vê-lo com seus vinte e poucos anos, fresco como uma pitomba, seus alegados 19 cm de pica, usando calça jeans e camisa amarela amarrotada. O audio é Kevin gemendo, música eletronica e barulho de água sem uma adequada mixagem. Tudo isso deixa a seqüência a desejar. Na segunda seqüência Kevin e Steve Ross estão numa sauna, Kevin mostra seus atributos e Ross lambe os beiços desenxabido. É uma cena morna, onde rola um troca-troca. Não é neste filme que o ator faz o que sabe fazer bem, o diretor Cameron Light não explorou a ação de sexo coletivo em que ele é mestre.
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Kevin Williams participou de uma cena bisexual em The Switch Is On com dois rapazes (John Rocklin e Allan Fox) e uma atriz barulhenta (Breeze). É raro esse tipo de cena em filmes gays, mais comum são cenas de lesbianismo em filmes hétero. Kevin até dá uma lambidinha na periquita e no peito de Breeze, mas passivo incansável que é, goza com um pau no cu. É a pior aparição dele em toda a carreira, esse filme pode ter sido o motivo da saída dele de circulação por quase uma década.
Out of Bounds é um filme da Falcon que traz um brasileiro no elenco, Vladmir Correa, um dos pioneiros atores do pornô gay tupiniquim, fazendo o papel de um guarda florestal, contracena com Kevin no meio do mato. Nesse filme Kevin é o protagonista de uma trama pacifista que mostra como uma desavença pode ser resolvida na paz. Kevin participa de mais duas seqüências, uma delas atuando novamente com Jim Pulver; tomado de uma hiperosmia repentina ele se excita cheirando as calças de Pulver, que deve produzir um almíscar irresistível, pena que o filme não tenho o recurso de odoroma. Como já havia acontecido em Bare Tales fazem um 69 e depois um Pulver mete enfastiado. A segunda seqüência é uma suruba a quatro, com Kevin, Pulver, Brad Richardson e Michael Cummings. Kevin e Pulver vão a um club leather tirar satisfação com um Richardson que havia derrubado Kevin da bicicleta. Lá libertam Cummings que estava sendo martirizado por Richardson. Nesta cena Kevin faz um dos seus raros papéis de ativo, comendo Richardson, não sem antes levar uma bimbada do próprio.
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In Your Wildest Dreams é um filme que apresenta Kevin contracenando com outra lenda do pornô gay, Chad Douglas. Neste filme ele também está trabalhando com um diretor competente e numa grande produtora, o que contribui para incrementar o desempenho dele dando o brilho que o seu trabalho merece. Chad (moreno, peludo, ativo) é o contraponto perfeito de Kevin (loiro, imberbe, passivo) que representa o magrinho que quer fazer uma malhação completa pra ficar sarado, e Chad é o treinador que tem a ferramenta para tanto. A cena parece paródia do clip de Physical, a canção de Olívia Newton-John. Kevin reinventa a remada, “queima a rosca” na máquina de rosca, faz alongamento pra gozar na própria cara. Pra finalizar tem uma seqüência em que Tom Brock e Kevin iniciam uma transa doméstica quando entra Steve Wright pela janela. Kevin sabe receber amigos inesperados e coloca os dois pra dentro, quando o pau é médio ele faz DP e fica OK.
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1988 foi um ano de muito trabalho pra Kevin, foram três produções, The Look foi uma delas. Neste filme ele faz uma cena com Jon Vincent num vagão de trem, com as posições básicas e sem muita criatividade. Vincent é moreno grande e grosso, junto de Kevin parece o primo mais velho e sacana. Neste ano ele sumiu, dizem que arranjou um namorado e teve uma vida fiel e monogâmica longe das telas. O retorno de Kevin aconteceu em 1998 no filme Betrayed que conta a história de um casal (Kevin e Virgil Sainclair). Sainclair viaja, motivo que justifica as infidelidades do título e o mote do roteiro: quando o marido se ausenta abrem-se vagas pra caralho. Eles fazem uma cena na piscina que fotografada à luz do sol californiano resulta em cores vibrantes, são imagens detalhadas que permitem ver o arrojo da linguada de Sainclair no cu de Kevin, é um dos melhores filmes da Falcon. Simular dor no começo da penetração e prazer no final não é tudo o que ele sabe fazer, a brincadeira de esguinchar água na beira da piscina é uma chuca recreativa de um ator que não vê limites na interpretação. Uma gozada na cara e um beijo é um final romântico de diretor que compõe as seqüências com primor. Em outra seqüência Kevin usando um jock strap se masturba com um dildo sem saber que é observado por Jeff Palmer. Jeff estava começando a carreira, dez anos mais novo, faz parte de uma geração imediatamente anterior, estava aprendendo com Kevin a ser o que ele acabou mesmo sendo depois, um hungry botton. Fazem um fistfucking suave. A terceira cena protagonizada por Kevin neste filme é do quarteto de malfeitores (Sebastian Gronoff, Kevin Miles, Thom Barron e Carlos Morales, outro que estava começando) que invade a casa e estupram Kevin no jardim com dildos enormes presos na cintura, pra começar. Pra finalizar eles fazem a cena que, a menos que eu esteja errado, é uma invenção de Kevin em Hot Rods: The Young & The Hung 2: suspendem Kevin pelos braços e pernas e fazem ele pousar na ponta do pau de Miles, os três conduzem o movimento e o pau penetra como um pistão. Um grande trabalho de equipe, recebeu o prêmio de “Melhor Suruba” do GayVN em 2000.
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Lançado no ano seguinte, Hot Wired View´s Choice é um formato de coletânea pouco comum, supostamente visa atender os pedidos dos fãs da produtora. Kevin é um tipo de apresentador que explica e comenta quatro seqüências. A que tem o grandalhão Tom Chase numa piscina fazendo Kevin sentar em dildos tamanho super G (sempre), considerada controversial footage, foi excluída da versão que há nas lojas e na internet bem como a cena com Addison Scott flagelando Johnny Rider com outros aparelhos. Uma tarja horroroza avisa que para vê-las completas os fãs têm de pedir uma cópia pelo correio. Como parece que o feed back foi desprezível, o formato não prosperou. O filme cheira a esperteza da Falcon pra amealhar mais uns trocados numa época de poucas vendas. Pena, Hot Wired só seria mesmo hot se incluisse essas sequências, incompleto são a medida exata da pausteurização do pornô gay que caracteriza a Falcon.
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