Bizarrias medianas
Prossegue a greve iniciada em novembro pelo Writers Guild of America, o sindicato dos roteiristas americanos, movimento que já causou vários contratempos na poderosa indústria do entretenimento, entre eles o cancelamento da 65ª cerimônia de entrega do Globo de Ouro 2007. Tal greve parece não afetar em nada as produções dos pornôs gays porque esse é o tipo de filme em que os roteiristas têm pouco ou nada que fazer. Filmes pornôs são feitos de realidade e não de ficção, é um tipo particular de documentário, a ação não é representada, é gente que fode de verdade sob qualquer pretexto ou sem qualquer pretexto porque o sentido está no próprio ato e não fora dele. Filme pornô não pretende conter literatura, não é arte, não é acintoso às ciências e fustiga a moral e a religião. Filmes pornôs não precisam contar uma história para atingirem seu objetivo, eles são divertidos como carrossel girando, muitos deles têm trilha sonora de parque de diversões e os cavalinhos são cavalões.
No mundo dos filmes pornôs gays em 2007 os diretores veteranos esbanjaram criatividade e os atores exibiram vigor incontestável. Chris Ward, Kristen Bjorn, Michael Lucas, John Rutherford, Steven Scarborough, Chris Steele e Vlado Iresch são exemplos de diretores que não deixaram a peteca emplumada cair, a maioria deles também trabalha como produtores, posição que os deixa senhores absolutos no controle da qualidade do produto, em sintonia com as tendências do consumidor. Matt Cole, Rafael Alencar, Dean Monroe e Brad Patton são atores que contradizem a idéia de que o mercado está sempre pedindo novos talentos, pelo contrário, o mercado não quer perder seus velhos e verdadeiros talentos e, se possível, que sejam atuando ao lado de novatos e (quase sempre) novinhos.
Ink Storm não é obra de veteranos, fato que comprova a vitalidade do gênero que continua lançando talentos e atingindo marcas cada vez maiores de vendas. Essas duas tendências, qualidade e expansão, infelizmente estão ausentes nas produções brasileiras. À revelia do boom estrangeiro, o Brasil continua firme no propósito de produzir paleopornôs, embora muitas produtoras estrangeiras vêm filmar aqui. Aproveitando-se da abundância de nossa natureza, de um setor mal organizado e semi-amador, produtores estrangeiros chegam aqui com visto de turistas e objetivos profissionais. O material para edição de vários filmes é captado em menos de um mês e depois é distribuído a partir da Europa e dos Estados Unidos. Na era da globalização mais promíscua, o pornô transnacional não é a causa das mazelas do pornô tupiniquim, apenas constata-se que o Brasil perde a oportunidade de tirar proveito da conjuntura econômica internacional, favorável até mesmo nesse segmento.
A transnacionalidade pornô se detecta no elenco Ink Storm, que apresenta o estreante ator alemão Logan McCree, o húngaro Tamas Eszterhazy e o nipo-americano Cory Koons. Esse é primeiro filme dirigido por Jake Deckard, estreante que, mesmo como ator, não pode ser considerado um veterano. Deckard e McCree contracenam e na foda deles testemunha-se duas auspiciosas estréias. Deckard, na direção, tem domínio das técnicas de captação e edição de som e imagem faz os atores darem o melhor de si. Já McCree talvez seja o homem mais delicioso da recente safra de filmes.
Quem conhece o estilo Raging Stallion já sabe o que vai encontrar
Deckard, cujo nome verdadeiro é Zorax, King of the Mole People (seu currículo inclui o trabalho de massagista, formado pelo Swedish Institute de Nova York, atuando no bairro de Castro,
Logan McCree, com sua pele lindamente tatuada, é uma obra de arte da cabeça aos pés, um homem que jamais deveria se vestir. Suas tatuagens poderiam estar em todos os álbuns de tatuadores como exemplo de composição. A primeira cena de Logan é com Steve Cruz quando este visita o ateliê como um cliente que quer fazer uma tatuagem. A pretexto de mostrar a qualidade do trabalho, os dois vão para os fundos da loja, local perfeito para uma boa trepada. Logan tem um anjo tatuado no peito e o desenho se prolonga até o pau formando arabescos, orgânicos e simétricos como um tapete oriental. Se uma pica branca já é tentadora, uma pica tatuada é um acepipe para um cu faminto. Os dois se divertem com muita cusparada e Logan fode Cruz com a violência de um brucutu e a ternura de uma ama de leite.
A seqüência seguinte é contraindicada para os mais sensíveis, pois mostra Montaz Morgan, com visual leather, tendo o pau tatuado por Jamie. Quando o trabalho termina Morgan bate uma punheta e goza gemendo de dor e prazer como um bicho no abate.
Tamas Eszterhazy e Ricky Sinz são os dois tatuados que fazem a terceira seqüência, num bar. Sinz é o atendente descamisado e com o peito escrito boss, em tipografia gótica, faz o ativo dominador. Eszterhazy chupa e dá no meio do salão, Nossa Senhora do Ó evitou uma suruba quando operou o milagre de não entrar no bar nenhum empata-foda neste momento sublime de intimidade semi-pública.
A quarta seqüência é ridiculamente vampiresca, com Jake Deckard e Logan fazendo um troca-troca justo e honesto. Logan, com duas éfiges animais tatuados em cada polpa da bunda, faz aqui seu papel de passivo para o diretor, que retribui com o mesmo toco, numa camaradagem exemplar para nesses tempos individualismo predatório.
A seqüência final é novamente em um ateliê de tatuagem com o maravilhoso Cory Koons e Tober Brandt. Os filmes de Koons comprovam o que todos sabem sobre o cu dos orientais e a terra do sol nascente. O grande Brandt consome a rosca do samurai com voracidade e determinação, cada estocada é um grunhido e depois do gozo há um silêncio sepulcral, o orgasmo esgota o homem.
Ink Storm é um filme para o público que gosta de um sexo temperado com fetiches e bizarrias medianas. Agrada porque nele os homens transam como se estivessem num ringue de vale-tudo, a platéia se envolve, mas se diverte sem se machucar.
Trailer de Ink Storm:
Saiba mais:
Acesse o site Jake Deckard Bodyworks
Acesse o site Jake Deckard Personal Website
Acesse o site da produtora Raging Stallion Studios
Realmente para fazer um bom filme pôrno não é preciso necessarimente de um roteiro hollywoodiano, basta um pau e um cu (basicamente) e se saibe explorar bem as fantasias do público nem de dialógo precisa, eu gostei muito do filme, principalmente por usar da masculinidade como o motor sexual e as belas tatuagens dos atores que aumentam o tesão, só que pelo tipo do filme acho que deveria colocar algo ainda mais Hard para apimentar as transas!
ResponderExcluirREVISTA SET
ResponderExcluirREVISTA SET
REVISTA SET
REVISTA SET
REVISTA SET
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porra mto bom!!!
ResponderExcluirParabéns pelo blog!
ResponderExcluirSeu texto é inteligente e muito bom de ler.
Juntou duas coisas que amo: sexo gay e cultura consciente.
Grande abraço! Guilherme.