O Império do pornô gay
Em busca do porn grade
No centenário da imigração japonesa para o Brasil, este blog dá boas vindas ao Príncipe-Herdeiro Naruhito e participa das comemorações com uma matéria sobre o grande prazer de ver os súditos de sua Alteza Imperial praticando o nanshoku (amor entre homens) em mais e melhores filmes.
Não faz muito tempo encontrar um filme pornô japonês, gay ou hétero, era praticamente impossível. Existe uma grande categoria de filmes “orientais” (Asian, em inglês) que reúne filmes estrelados por orientais de todas as nacionalidades, por orientais e mestiços que vivem no ocidente filmados em qualquer país, quase sempre produzidos por ocidentais. Nem todos os filmes reunidos na categoria Asian podem ser considerados filmes japoneses “autênticos”. Reuni-los sob uma única classificação é tão impreciso quanto colocar filmes brasileiros na categoria Latino.
Filmes pornôs gays japoneses possuem características próprias que lhes dão a distinção que nenhuma outra produção pornô nacional possui. São características próprias do povo, idioma, tema, ritmo, projeto e estrutura que transparecem em sua expressão cultural da qual o pornô gay é apenas uma pequena parte. Eles causam estranhamento como os filmes de Yasujiro Ozu e ao mesmo tempo são tão familiares como Godzilla. O contrário também ocorre e alguns aspectos dos filmes pornôs gays japoneses são tributários do modo de produção de filmes feitos no resto do mundo: o modo de produção semi-amador e a estrutura em seqüências costuradas por um enredo pífio, por exemplo, são alguns deles. Diante dessa complexidade e sem querer desestimular os não iniciados, os filmes pornôs gays japoneses são recomendados apenas para os aficionados e curiosos.
A dificuldade de encontrar esses filmes não era devido à sua inexistência, pelo contrário. Na Terra do Sol Nascente há várias manifestações eróticas na arte tradicional, como as gravuras Shunga do período Edo (
De uns tempos para cá, para os apreciadores da beleza oriental ficou muito mais fácil ver os filmes pornôs gays japoneses graças à internet. Pelo mesmo meio também ficou mais fácil produzi-los e distribuí-los. Neles não se revive os mitos do samurai ou do ninja, a não ser em paródias como Great Samurai (Tyson Sportus, 2007), nem a inversão de gêneros sexuais do teatro Kabuki, pelo contrário, há muito pouco de heróico, militarizado e andrógino. Não há apego ao passado nem à origem, o que se vê é a vida comum do Japão atual, ocidentalizado à sua maneira e tecnológico como poucos. O enredo dos filmes pornôs gays japoneses contém desde cenas de sexo amigável que beiram um romantismo ingênuo, perseguição, submissão, doutrinamento de rapazes que são sexualmente molestados por outros e violados por aparelhos eletrônicos (high-tech harigata) especialmente projetados para tal finalidade. São comuns cenas de mijo, bukake, fisting, estupro e outras consideradas violentas. Para o gosto médio há filmes bear, militar, engravatado, desportivos (surfe com taco, wrestling com gel e baseball com bola fora). Brincar de médico também é um tema comum com exame proctológico e urológico. Nos filmes com cenas de violência a impressão de realismo é extremada e não se deve pôr em dúvida o que os descendentes dos kamikazes são capazes de fazer para alcançar o prazer. Há uma cena de fisting muito realista em Scooop!!! 10 Heritage of Hardcore (Coat/Kurotatsu, 2008) num rapaz muito jovem e apertado que termina em sangue.
É exatamente este tipo de pornô gay que está sendo mais aceita pela sociedade japonesa que, na sua grande maioria, não é mais a tradicional. Enquanto isso seus dirigentes inventam medidas esdrúxulas para conter a pornografia, como se a sociedade não tivesse seu próprio meio de controle – o fastio. Uma norma proibiu, até
Em filmes cuja maior barreira para o estrangeiro é o idioma e não a anatomia dos corpos, apresentar os pênis mascarados é impor o senso coletivo ao recôndito íntimo e tentar inviabilizar comercialmente a produção local. A máscara dificulta a visualização, mas não a impede inteiramente, tal ambigüidade impossibilita considerar a norma autoritária, é apenas mesquinha. Se a produção desses filmes não foi inviabilizada e está em ascensão tal fato se deve ao esforço criativo e superação de todas as adversidades que são impostas às pessoas que fazem o pornô gay japonês. Logo esses filmes serão acervo do Museu do Ridículo Humano, local para onde já foi aquela cópia de A Laranja Mecânica (Stanley Kubrick, 1971) exibida no Brasil com manchas pretas cobrindo paus, bucetas e peitinhos, um dos fatos mais risíveis da folha corrida do Regime Militar.
Para alegria de todos e felicidade geral da nação pornófila é possível encontrar filmes pornô gay japoneses sem as máscaras porque elas são a última coisa a ser colocada na edição do filme, naturalmente são geradas duas versões, as mascaradas para o venda legal e para o Vaticano e as sem máscaras para a internet, o consumo clandestino e o resto do mundo. Quando as máscaras tiverem sido abolidas também para o venda legal no mercado interno japonês, esse país terá dado o derradeiro passo para atingir o porn grade, que é o grau desejado de qualidade da produção pornô. Em termos comparativos, os Estados Unidos já tem esse grau e o Brasil, embora tenha recebido recentemente o investiment grade em economia, está muito longe dele.
A Coat West é a grande produtora de filmes japoneses gays que conseguiu se estabelecer criando e distribuindo vários selos (Coat West, Kurotatsu, Coat) num modelo que se assemelha à Eurocreme. Os seus filmes podem ser encontrados nas boas casas do ramo e nos compartilhadores de torrents especializados. Contraditoriamente o pornô do protagonista oculto produzido pela Coat West está dando notoriedade às suas estrelas. Não apenas os atores Sho, Nagi e Hiraku, as estrelas da série Luxe, também Kai, Shun e Gen são celebridades locais que começam a ser reconhecidas, com alguma dificuldade, fora do Japão. Com o biótipo do homem oriental, eles têm pau pequeno e bunda grande para a pequena estatura. Pele branca, pouco pêlo e muito tesão pra dar eles estrelam os filmes da produtora tida não apenas como a maior (fatura mais, lança mais títulos), mas também a melhor do país (qualidade do produto e promoção). Por questões de gosto e cultura parte das platéias ocidentais poderão achá-los efeminados, distantes, lerdos e frios, com mais de gueisha do que de samurai. Talvez por serem jovens demais ou o nível de testosterona no sangue dos japoneses seja menor que de outras nacionalidades, algumas características físicas deles corroboram com essa impressão que pode não ter fundamento científico.
A obra-prima do pornô gay japonês recente é Scooop!!! 10 Heritage of Hardcore (Coat/Kurotatsu, 2008). Exemplo de filme “pesado”, onde os protagonistas são vitimas sexuais, é um filme capaz de disputar no estilo com as produtoras ocidentais especializadas, como a Raging Stallion e a Hot House Entertainment. Nele tem um bukakke com 40 participantes e outras cenas que o tornam altamente recomendável. Décimo filme de uma série que já está no 12º volume, Heritage of Hardcore contrasta com outros filmes da mesma produtora, como Harem (Coat/Kurotatsu, 2008) que é exemplo de um filme “suave”, sem um tema específico a não ser a reunião de muitos homens formando, daí o título. Para este mês a Coat West anuncia o lançamento de Power Grip 134, mostrando jovens homens de negócio em cenas tórridas.
Surf-Surf Revolution (Field Express, 2007) é uma série de muito sucesso iniciada em 1999 e que já está no 7º volume. Inteiramente rodada em praias do pacífico (com algumas exceções, o terceiro episódio é de snow board), sempre com muitos rapazes bonitos e jovens trepando adoidado, qualidade que também pode ser vista no recente Debut Volume
A Coat West não é a única produtora atuante, no seu rastro de sucesso estão aparecendo outras, como a DMM, que lançou Japanese & Black, o filme que faltava num mercado cujas produções inter-raciais eram raras. Quem sonhava em ver um negão americano comendo um japinha vai se deliciar com esse filme que conta no elenco com o grande veterano Jack Simmons estraçalhando bundas. Comumente os japoneses fazem papel de passivos quando transam com estrangeiros, na ausência de filmes que mostrem o contrário, japoneses comendo estrangeiros, a Rising Son Films produziu no final do ano passado e lançou Revange of the Rice, distribuído pela Miami Studios. Inter-racial e bareback, não é um grande filme, mas deve ser visto em se tratando de um trabalho dirigido por Matt Woods, um norte-americano, que mostra a vingança geral dos orientais (só há um japonês) ante o placar desfavorável de tantas picas que levaram no cu e na boca ao longo da história das relações com o Ocidente. A mesma Rising Son Films anuncia, para breve, a mais surpreendente invenção desse mercado: orientais superdotados no filme Long Grain Rice. É ver para crer.
Gay Tarzan (Tyson Sportus, 2007) é um filme de japonês perdido na selva matando cobra a pau e montado num cipó. A produtora Tyson Sportus, que lançou Super Porn, explora os rapazes atléticos enquanto seu outro ramo, a Tyson Video, explora os não menos atléticos, fofos e sensuais lutadores de sumô. A JP Boys é uma produtora pequena que distribui filmes curtos online estrelados por rapazes muito jovens que levam gozada na boca e depois ficam babando. A página deles tem versão inglesa, o que é raro, os filmes não têm máscaras digitais, entretanto possuem timmimg, edição e continuidade das mais originais. A JP Boys tem a preferência pessoal deste que escreve.
Essa variedade na produção de filmes comprova que o mercado para consumo de produtos direcionados para o público gay cresce acima da média no Japão, graças, inclusive, à presença de emigrantes brasileiros que refazem o caminho aberto cem anos atrás para hoje soltar a franga no Japão. A presença dos dekasseguis por lá fez surgir filmes cujos títulos não escondem a influência brasileira: Amigo-A-Gogo! (Cheeks) é uma série com quatro títulos e uma relação centenária.
No ocidente duas produtoras, French Connection e Cazzo Film, já expandiram as fronteiras e começaram a fazer filmes pornôs gays na África. As fronteiras que ainda permanecem fechadas são o Islã, Índia e China. Pode até tardar, mas um dia abrirão.
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